quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Aos Amigo(a)s

Escrevo para todos os amigos e amigas que passam (ou passaram) nesse canto questionando sobre minha lacuna poética. É isso: a inspiração, essa musa, cansou de minha companhia e deixou-me despida de letras, coberta de ausência.
Não tem sido fácil esse momento árido... nada me agrada mais que dedilhar poesias.
Como não dá simplesmente para “resolver” escrever (é preciso predisposição poética), não sei ao certo quanto tempo ainda ficarei afastada do blogue.
Peço desculpas por ter demorado tanto a vir aqui e agradeço do fundo do coração por lembrarem de meus escritos.

Abraços,

Fernanda Passos

domingo, 30 de março de 2008

Se.....


E se fizesse um risco arisco

na linha pontilhada desse istmo?

E se tecesse atalhos de giz

com traços coloridos de anis?

E se apagasse o instante

esvaindo o que é ausente?

E se o momento de haver sido

estiver aqui subtendido?

E se esse escrito de agora

trouxesse aquilo de outrora?

E se depois de tudo dito

restasse nada além disso?

terça-feira, 18 de março de 2008

Cinzas


Tombou a máscara dissimulada

Que usaste neste carnaval.

Rasteja infame!

O disfarce que nutriu tua hipocrisia,

Hoje desaba diante de minha alegria!

E ainda que te enfeites com ilusões,

Distinguirei teu desprezo, entre foliões.

terça-feira, 4 de março de 2008

Fingida(mente)






Silenciosamente
a mente
tem vontade
daquela verdade
no peito existente


Estranhamente

[disposta a tudo ter]

A mente
inescrupulosamente

[nem quer saber]

Insanamente

[por medo de dizer]

mente

Admite,
hipócrita mente

: mentes!

[dissimulada/mente]








Imagem: Atanas Strazdas

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Lamento existencial






Ai de mim que sigo veredas de sonhos, alamedas de quereres.

Mastiguei pó dos rastros

: não vi farol indicando direção dos olhos teus.

Segui cantando toadas tristes, dilatando essas pupilas ofuscadas
ao longo dos dias em que a distância cravou um abismo
entre o rio de fogo que sou e a frieza que és.

Destilei pólens - semeando flores - para encontrar idílios onde estejam.

Ai de mim que sigo estrelas

: companheiras nas noites amargas em que - sozinha - esperava alento.

Mas tudo que encontrei

: esquecimento.



Imagem: Paula Grenside