terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Poema para a lucidez


Nada de louvar amores,

Alegrias ilusórias,

Idealizar estórias.

Quero almas sem gozos.

Gritar fatos cruéis

Que a vida nos lega: estorvos!


Meu tempo é negro: azeviche.

Trago um peito carcomido pela velhice.

Jovem com olhos em grau de senilidade!

Corpo, sem cicatrizes.

Tenho marcas na alma, no ver as coisas.

Não na idade!





Imagem: Anakin Sk

10 comentários:

Ricardo Rayol disse...

Um grito de angustia esse.

rogerio santos disse...

Cheguei ao teu blog pelo almadepoeta... Tudo muito bonito por aqui... Uma ótima pedida de leitura para o começo de 2008.
Parabéns...

Anônimo disse...

"Jovem com olhos em grau de senilidade!" - Acho que sou assim também...
Fernanda, o importante é ser você: única!

Maria Regina de Souza disse...

Fernanda,
Feliz 2008 para você e sua família. Regado de muitas alegrias e muita poesia sempre!
Beijos

Adam Flehr disse...

Fernanda,

Pungente poema. Que as contas da noite azeviche, possam suscitar um perolado amanhecer... e um "poema para a loucura".

Pena disse...

Linda Amiga:
A sua lucidez abarca a beleza do seu ser e do seu sentir.
Talvez, insatisfeita. Talvez um sentimento seguido de outros sentimentos que a enormidade do seu Ser constrói com carinho e amor e são sensatos e coerentes consigo própria.
Uma forma atenta de dar algo à realidade de si. Um afago. Um gesto.
Acredito nessa lucidez pela ternura que coabita consigo.
O desejo de ser fiel ao pensamento.
Só seu. Com valor e numa imensa e intensa atitude criativa.
É uma excelente poetisa. Parabéns.
Eu entendo a sua linda lucidez ou faço por entendê-la. Esforço-me!
Beijinhos amigos sinceros e respeitadores
Sempre a lê-la com interesse imenso

pena

Natália Nunes disse...

"Dos estragos, pérolas. Por mim."

Eu disse isso uma vez. E repito. Pra vc.


Beijo!

benechaves disse...

Oi, Fernanda: belos versos! Bela prosa-poética! 'Trago o peito carcomido pela velhice' é algo real, impactante. Vc sempre a nos despertar valores de nossa alma.

Beijos saudosos...

Oliver Pickwick disse...

Uma poesia que é uma crônica da desilusão, ou, talvez, a descoberta da perspicácia em um estado lúcido.
Beijos!

Naeno disse...

O amor pode ser apenas um sintoma de uma de desmerecidos gestos e retomada da inconsciência, que melhor seria abster-se de nós.

Um beijo, saudade
Acabou meus cinco chumbos.
Agora quero ouvir o canto dos pássaros.

Naeno

pos. vens no meu blog. O teu está ainda hoje como um dos meus diletos.