terça-feira, 6 de novembro de 2007

Do Amor


I


O amor se alimenta da fome.


Por isso te quero incompleto


: falta presente a nutrir meus dias,

presença ausente em noites insones,

lacuna constante no meu corpo.


Istmo que liga desejo e sabor,

suspiro suspenso.


Sequioso de tudo sem nada ter,

inconstância absoluta,

irrestrito querer.


O amor se alimenta da fome

só pra continuar a amar.


II


Saciado, perde o viço.

Completo, se anula.

Seguro, se ausenta.


O amor se alimenta da fome

de ser amor,

nada mais.



Imagem: photo.net

17 comentários:

Ro Druhens disse...

É sempre tão bonito que, confesso, não sei o que dizer sem ser recorrente. Beijo

ex-amnésico disse...

Comentando "em bloco", porque depois da passagem do rio brilhante de suas palavras, fiquei sem as minhas, rsrs!

Maravilhoso, o passeio pela sua poesia!

Beijo.

Anônimo disse...

E o que é o amor se não a fome encarnada?

Beijos

Antonio Ximenes disse...

Sra. Fernanda.

Sempre fui muito desconfiado sobre o conceito do AMOR.
Eu defino AMOR como o sentimento mais intenso que estamos sentindo ou construindo no momento presente.

Belo poema... bela estrutura de pensamento.

Abração.

Gustavo Chaves disse...

então tenho sempre fome da fome? é sim, é linda, suas letras são admiráveis!

Ricardo Rayol disse...

perfeito. o amor é autofágico e a si mesmo basta. ou não?

AB disse...

A cada dia entendo mais o nome: "Poesia na Veia" mesmo, FERNANDA...

Anônimo disse...

"O amor se alimenta da fome".

Você sabe que nunca mais esquecerei essa frase, né? Desde que você a deixou lá nos comentários do meu blog. É sublime, e de uma força que quase me ultrapassa.


Lindo lindo. Fico aqui babando.
Beijos!

Jens disse...

Oi Fe.
O amor é insaciável. Nhamnhamnham!
Beijo.

Pena disse...

Linda Amiga:
Deslumbrante versejar sobre o amor.
Forma completa e incompleta de talento ao expressar o significado bem definido do amor que jorra com pureza e ternura de si.
Sim! O Amor, aquele amor verdadeiro e autêntico apela ao completo despertar dos sentidos. Profundos. Existentes. Saciados.
Belos versos decorados com a sua peculiar forma de exprimir o seu lindo sentir e estar.
Simplesmente, admirável!
Gostei muito.
Estou perante uma bela poetisa que arrebata, cativa e enternece.
Parabéns pelo seu imenso significado de assinalar e registar na vida de todos nós. Adorei!
Que a fonte saciada ou insaciada de amor se expresse com o seu deslumbre na compreensão, respeito e carinho. Prevalecem em si a jorros.
Beijinhos de amizade e consideração.
Sempre presente com muita estima
O amigo sempre humilde ao visualizar o seu inequívoco valor

pena

dade amorim disse...

É isso, Fenanda - toda a contradição, prazer e dor juntos. Muito bom você ser nômade...
Beijo pra você.

inutilia sapiens disse...

lisonjeado com elogios tantos eu fico...
estava com saudades daqui!

é isso...
você me deixa sem ter o que dizer, perfeito texto!
besos.

Natália Nunes disse...

Concordo, Fê, "O amor se alimenta da fome", mas acho que ele é mais do que a boca que devora.

:)


Beijão!

Daniel9D disse...

"Saciado, perde o viço.
Completo, se anula.
Seguro, se ausenta."
Mto bom Nanda! gostei muito da descrisão em poesia...

storytellers disse...

Sim da fome e diria: que essa fome seja não saciável, que quando saciado provoque o vício de mais fome. Que o amor seja o vício contínuo da fome e que esse vício se alcance reciprocamente. Será pedir de mais?
beijinhos enormes, kerubina

Maria Regina de Souza disse...

Lindo!!!!

Lunna Guedes disse...

Sabe que vou levar essa frase comigo?
"O amor se alimenta da fome"
Ela revira a pele.
Abraços