domingo, 28 de outubro de 2007

Andança


Os pés rachados na errante

procura por ti


[sedentos]


sugaram a seiva

do jardim de lembranças que plantei.


E as ilusões


[agora pó]


dissecadas nos ares

quentes de meu caminhar


[com o auxílio do vento]


disseminam o aroma das flores

que adornaram as quimeras

cultivadas em nós quando

recheávamos crepúsculos com

paixão e brindávamos a alvorada

nos copos moldados durante balé ensaiado

ao som do roçar de nossos cabelos.


Mumifiquei essa fantasia almejando

a umidade que


[um dia]


há de chegar com broto de sorriso e

semente de tua volta.


Nesse esperar dissoluto,

diluo o medo, decoro a alma com espelhos

que perpetuem imagens do tempo onde

o viço irradiava dos poros dilatados,

irrigando canais nos afluentes que interligavam

tua vontade e meu desejo.


Assim, espanto a desertificação que me assola

nos oásis idílicos que o reflexo faz germinar.



Imagem: Miguel Delgado e Silva

12 comentários:

Anônimo disse...

"disseminam o aroma das flores

que adornaram as quimeras

cultivadas em nós quando

recheávamos crepúsculos com

paixão e brindávamos a alvorada

nos copos moldados durante balé ensaiado

ao som do roçar de nossos cabelos."

Ahhhhhhhhh doces quimeras da paixão.

beijos querida. ótima semana

Moacy Cirne disse...

Imagem (bela e) perfeita para um texto com a marca fernandapassos: os passos da poesia aparentemente dissimulada, mas jamais arredia. Um beijo.

Márcio Hachmann disse...

O que me faz voltar sempre aqui são suas longas orações. Gosto de perder o fôlego quando não tem ninguém olhando. ;)

Anônimo disse...

é por isso que gosto da tua poesia, ela é natural, no sentido puro da palavra. e traz um mar de natureza e sensações vibrantes... delícia!

beijo beijo!

Vais disse...

Olá Fernanda,
Belíssimo!
Já ouvi que poesia não se explica, não vejo isso assim tão absoluto, apesar daquelas onde só podemos sentir, eu sinto desta forma com relação às que você escreve, e mais uma vez, as imagens que você usa são de maravilhar.
abração

inutilia sapiens disse...

pequenina semente com medo de nascer...

lindo texto, como de costume!

literalmente "na veia"
besos.bornin76

Jens disse...

Oi Fernanda.
Tô sempre por aqui, conferindo os versos gerados pela tua sensibilidade e talento.
Um beijo e uma boa semana.

Ricardo Rayol disse...

sim, você espanta o deserto, esmaga a areia debaixo de suas solas...

Anônimo disse...

Fernanda,


quem, como você, "recheia crepúsculos com paixão"... é um ser iluminado!



Abraços, flores, estrelas..

Menkar disse...

Hola, Fernanda:

Bonito blog, y muy buenos textos. Me agrada. Las imágenes son preciosas y muy adecuadas.

Menkar

storytellers disse...

E.. acrescentava ao musical, a parte visual/imaginária, via metáfora, que transmite
exemplo:
"Assim, espanto a desertificação que me assola
nos oásis idílicos que o reflexo faz germinar."
Beijos

AB disse...

As flores que germinam nesses jardins de lembranças maravilham os simples mortais, como eu, que se deslumbram com teus versos, FERNANDA.. Adoro vir aqui!