segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Nada Sei


Nada sei do mar que arrasta meus deslizes e arroubos.

Sei apenas que voltam como as ondas.

Sempre em garrafas que guardam memórias ocultas.

Nada sei do mar que nivela meus anseios,

assim como a maré que seca uma parte de mim

e inunda a outra com fragmentos de ilusões.

Nada sei do mar que habita meu interior,

transformando fendas rasas em abismos abissais.

Nada sei do mar que me perfaz.

Mas sei que em mim mora a nascente das lágrimas vertidas

pelas causas vãs que, inutilmente, quis alcançar.

Dentro de mim o mar...

Embarco no vai e vem das contradições que sustentam meu existir.

Salinidade que fere a língua da vida, mas que insiste em ser mar.

Vida vaga como as vagas que surgem entre as ondas.

Vida longa, breve e líquida como o mar.

Mas que jamais seca.

Nunca me deixa no deserto de não me saber existindo.

Eu, transbordante.

12 comentários:

Anônimo disse...

"dentro de mim o mar"

ai, como gostei disso...

beijos querida

Moacy Cirne disse...

Nada sei, tudo sabemos. Ou o contrário: tudo sei, nada sabemos. Mas deixemos de especulações greco-jupiterianas: se você não sabe do mar que arrasta seus deslizes e nivela seus anseios, ou que habita seu interior, sabemos de sua Escrita transbordante. Por enquanto, é suficiente, não? Beijos.

Flávia disse...

Moça, moça...

Espero que continue transbordante de sensibilidade e poesia.

Linda construção...

Beijos

benechaves disse...

Oi, amiga: linda a imagem da postagem anterior! E os teus versos a acalentá-la com algo mais. Aliás, vc sempre divide a perfeição de uma foto com os teus poemas. Existe uma afinidade ímpar.
E 'eu sei' muito bem disso.

Beijos sabidos...

rafael disse...

Oi Fernanda
Obrigado pela passagem no Aletômetro.
E quanto ao mar, tão imenso e profundo quanto somos nós.
bjus

Ricardo Rayol disse...

gosto de escritos onde nos confundimos com o mar, não há nada tão inconstante e volátil como ele.

Adryana Araújo disse...

Aplausos, minha amiga!
Poesia tão sensível como os sonhos mais lindos! Sentir o mar dentro de si, é sentir-se além...

Superbeijo!!!

inutilia sapiens disse...

adorei...
"eu transbosdante"
lindo texto!
beijos.

Pena disse...

Simpática e doce Amiga:
O mar sempre provocou um fascínio enorme, gigante mesmo, para inspiração de poetas e todo o tipo de pensadores.
O mar...
Escreve com uma fluidez nas palavras que enternece.
O mar merece-a, assim como, as Pessoas que gostam da beleza e pureza dos sentimentos, emoções e torrentes de sensibilidade que revela no seu deslumbrante Ser e traduz maravilhosamente bem.
Adorei! Excelente!
É uma poetisa que enternece na magia da sua doce poesia encantada.
Abraço de estima, respeito e consideração
pena

Natália Nunes disse...

Nada sei - e me basta.
:)

Muito bonito o texto, Fernanda!
Já lhe disse que sou gamadona em líquidos. Acho que são boas metáforas para os "sentires".

Bjo!

Flávio A disse...

dá pra ouvir o barulho da arrebentação com esse texto... muito bom!

Anônimo disse...

Fernanda,


Você transborda, sempre.


Deliciosamente.


Abraços, flores, estrelas..

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