quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Descompasso



Coloco cada coisa em seu lugar:


harmonia na loucura

caos na lucidez

vaidade na humildade

alegria na tristeza


Detesto coisas perfeitinhas!


enxergo tumulto

onde só há calmaria


universo

fractal

fragmentado


meus poemas

sem rima

sem nexo

melhor que isso


só sexo!


insisto em pegar fogo

labaredas me consomem...


Hoje também é assim:

ardor

fulgor

tudo em mim


Ontem

me fiz

cinza

e pó

de onde retornei

me fiz

e faço


Emendo

minhas partes

me recomponho


Chovia...


a chuva

me esfriou


Havia


(mas não sabia)


algo que se perdeu


A frieza me atordoa.


Sou verão!


Marquei encontro com o fogo

Ardi junto com ele


Sou chama

sou eu

em

mim.





Imagem: http://thumbs.photo.net/photo/3376154-sm.jpg

15 comentários:

Anônimo disse...

Fumaça no pulmão
Álcool no sangue
Grito no silêncio
Justiça no povo
Povo na injustiça
Silêncio no grito
Palhaço no planalto
Político no circo

Pé no bucho
Mão na cara.

PS:Me empolguei.Vim aqui sempre é foda!
Por isso venho todo dia.huehueue

Bjus moça =]

Anônimo disse...

Tá muito bom assim, és uma bela chama! Um beijão.

benechaves disse...

Oi, Fernanda: mais um 'descompasso' na sua poesia. É a chamada 'inversão de valores'. Pra que tudo certinho? Melhor mesmo sem rima e nexo. Somente sexo!
Um bela composição nestes meandros onde vive o 'caos na lucidez'e a 'harmonia na loucura'. Ou ainda: a visão de um tumulto onde só existe calmaria.

Um beijo inverso...

inutilia sapiens disse...

que a chama se matenha sempre acesa!
=)

agradeço as palavras lá no blog e é muito bom ver meu link aqui.
muito intenso o texto, do jeito que eu gosto.

beijos.

inutilia sapiens disse...

me sinto em casa aqui!!!
teu espaço me é muito agradável!!!
beijos.

Natália Nunes disse...

Fractal, fractal...
Adorei essa palavra!

Fernanda, eu fico pra lá de lisongeada quando vc visita meu blog rsrsrs. Obrigada.
Concordo com vc, acho q nossas trocas têm potencial para serem produtivíssimas!

beijos!

Flávio A disse...

"sou chama, sou eu em mim", muito bom! gostei do ritmo desse poema, bem ágil.

obrigado pelos comentários, voltei aqui mais vezes também :)

o refúgio disse...

Fernanda, teus poemas continuam muito bonitos.
Beijos.

Edson Marques disse...

Fernanda!


"Insisto em pegar fogo
as labaredas me consomem".


Deliciosamente perfeito!


Teus comentários no blog Mude acabam ficando melhores do que os posts!



Abraços, flores, estrelas..


.

Anônimo disse...

Eu AMO quando tem rimas! (repetindo isso pela enésima vez).

Muito bom esse descompasso bem compassado... rs

"meus poemas
sem rima
sem nexo
melhor que isso
só sexo!"

Vai um anexo ?? Depois conto... rs

beijos, fica com Deus, boa sexta feira!

Brunno Lopez disse...

Donzela gulosa e talentosa.
Senti sua falta e invadi seu espaço. Sei que aqui adormecem as suas idéias melodiosas e agradáveis.

Sua definição... mágica.
Gostei da parte da chuva...
Hehe...

Sua escrita é desmedida e cativante.

Adoro-te.

Moacy Cirne disse...

A poesia se faz dionisíaca, quando, para muitos, deveria ser apolínea: os fogolabaredas (bela concreção) que a realizam poeticamente são o teu próprio e inexorável ardorfulgortudo (outra concreção de arrepiar mentes e corações). Enfim, Vocêemvocê - a Poesia.

Unknown disse...

uau. gostei muito desse poema.
muito bonito. =]

Marcos Seiter disse...

Oi, guria!

Fogo,sexo,ardor.

Felicidade e tristeza.

A vida minha!

Perfeição xô.

Adorei.

Bom finde!

Marcos Ster

Jens disse...

Oi Nanda (posso te chamar assim?):
Há uma rebeldia na tua poesia que me atrai, me chama...
Sou da estirpe de Charles Bukowski, não sei se conheces, um cara que gostava de remar contra a corrente.
Detecto isto na tua poesia: irreverência, inconformismo, sem-vergonhice, voluntarismo...
Poderia citar outros autores que também já foram considerados malditos, iconoclastas, mas que hoje são famosos e reconhecidos pelo establishment literário - como Baudeleire, H. Miller, James Joyce e os beatnicks (Kerouack, Burroughs e Grinsbgerg) e mais uma porrada de caras.
Infelizmente, o mesmo não ocorre com mulheres como Érica Jong (a Henry Miller de saias), Anais Ninn (tem um livro só de sacanagem, que escreveu para ajudar o Henry M., que é uma porrada), Virgína Wolff (que antecipou o experimentalismo de Joyce), Gertrude Stein (que consagrou a expressão Geração Perdida, para desgosto, inveja e vingança eterna de Hemingway) e Zelda Fitzgerald, que escrevia contos tão bons perspicazes e sensíveis como os de Scott Fitzgerald (que também foi condenado ao ocaso, por não ser tão viril como seu conterrâneo e comtemporâneo Hemingway, um escritor menor na minha opinião e na de Paulo Francis - se quiseres, um dia explico com alegria.
Acho que estou escrevendo demais e não explicitando de forma abragente as minhas referências. Assim, não vou falar de Hilda Hist (não a poeta, mas a que escreveu o Caderno Rosa de Lori Lamb, com ilustrações de Millôr Fernandes).
Bem, onde quero chegar com tudo isto?
A lugar nenhum. Só dizer que gosto do que você escreve e que gostaria de te linkar lá na Toca.
Mas prepare-se: eu sou assim, imprevisível.
(Inofensivo, na maioria das vezes).
Espero tua autorização. Ou não.