quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Isso e Aquilo




Sou fissura

sutura da carne

cortante

rasgada


Sou cicatriz

calo ardido

ferida do tempo


Sou fenda

abismo de mim

onde cabe o mundo


Sou funda

poçoilusão

baúesperança


Sou raza

vazo alegria

destilo veneno


Sou isso

vício

embriagues


Sou aquilo

temperança

sensatez


Sou tudo

riso

choro


Sou nada

oca

vácuo


Sou dada

livre

cantante


Sou vida

gritante.




12 comentários:

Anônimo disse...

de lá prá cá....de cá prá lá... dicotomia... dualidade...e quem não é?

beijos

Anônimo disse...

Rá, quê??! Deixar de te visitar?? Deixo não, sô!!! Que trem é esse, tá pensando o quê? rsrsrs Blog favorito é blog que arrumo tempo pra visitar constantemente !!!

Tudo bem que eu tô com tanta raridade de tempo, que tô buscando brechinhas no meu dia para comer, tomar banho, fazer xixi (pense em fazer número 1 e principalmente 2, correndo...) é trágico. Mas, ainda assim, antes de dormir darei sempre uma espiadinha....

As pessoas pensam que eu tô dramatizando... NADA! Eu não sei mais o que é ver o dia passar de perna pra cima... ai, como era bom o ócio. rs

Fê, beijos, tá lindo o poema, difícil vir aqui e dizer outros adjetivos pro que escreve. Escreve mais, sempre mais!

Adam Flehr disse...

Poderias completar: sou a palavra, o verso, o avesso, o que cala e fala, tão alto...
Perfeito.
Volto sempre aqui pelo prazer de ter reler.
E fico honrado pelo link.

Beijos

Anônimo disse...

Todas essas coisas contraditórias que você me diz ser, me informam o que você é de fato: uma soma de coisas que deixam de ser o que costumam ser o tempo todo. Feito átomos. É curioso como o resultado feito e acabado deles resulta em um mundo. Mundo esse do qual somos parte. Todas essas partes são um todo. Todo esse todo é feito de partes que não permanecem. E dizem que nem existem no fundo. Porque essa coisa que chamam de eu deveria ser e permanecer também? O mais gostoso dessa história, é que a gente precisa acreditar nessa suprema mentira pra poder fazer valer as demais verdades que nos rodeiam. E as proto-verdades mal lastreadas que nos acossam.

ps: deixei respostas pra vocês em todos os posts que você me comentou.

deep disse...

"ser" tanto de fragmentos que a continuidade é ilusão...


um abraço

benechaves disse...

Oi, Fernanda: sua poesia cada vez mais pulsa na verticalidade, sem contudo deixar uma horizontalidade pendente. Seus experimentalismos concretos dizem de sua palavra sempre a instigar e a 'cortar' como um jogo de letras.

Um beijo vertical...

Joice Kelly disse...

Isso que eh poesia boa!! parabens!
bjs

tchi disse...

"O mundo fica irreal, mas não me importo"

o refúgio disse...

Eita! Belo!!!

Ó, a propósito do seu comentário no refúgio: 1) você disse que não sabe comentar arte mas eu acho que tem muito bom gosto pra escolher as ilustrações dos seus poemas, viu? No final é isso que vale. 2) Quanto a minha capacidade de síntese... Eu tenho quase 40 anos de praia, mulher. Já relaxei,rsrs.

Beijo grande

Moacy Cirne disse...

Oi, uma bela autobiografia sígnico-existencial: vida gritante que se faz poesia - não mais a concreta, ou melhor, paraneoconcreta, mas a cantante. Um beijo.

Jens disse...

Muita vida. Bonita, alegre, pulsante...

Moacy Cirne disse...

Fernanda: o Balaio a encontrou, o Balaio a contempla. Beijos.