quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Minha Geometria(ou não linearidade)


Nasci

í

n

g

r

e

m

e

olhos famintos

vi

mundo

angular

e v e a o

n i s d


enxurrada

de fardos

dilúvio

de quimeras


tudo

d

e

s

p

e

n

c

a

no tapete

meu corpo

inclinado

dado

a travessuras

travessias

transloucadas


na torta postura

o

umbigo

do mundo

em

minha cara

beijo

centro

da

esfera profunda

no modo

p

e

n

d

e

n

t

e


Eu

pedinte

pés do mundo

tocam

a língua

no umbigo


um

corpo oblíquo

ambíguo

lambe

a enchente

de tudo

que

esbarra

no

a

l

a

d

e

i

r

a

d

o

de minhas formas

19 comentários:

Adam Flehr disse...

Cara Fernanda,

A sua poesia é de verticalizar qualquer um...
Concreta poesia.

Saudações

Anônimo disse...

"Curvas,ladeiras
Corrida,poeira
Decidas e subidas
Nossas vidas e não vidas (...)"

......
Como sempre,vc vem e inflama/exalta aquilo que (sub)entendemos de "POESIA"!

Dona Fernanda;A talentosa!

hehehe
Té!
;*

E ja me resolvi.Ta lá o post do premio =]

Ricardo Rayol disse...

Experimentando formas? gostei, achei a idéia excelente.

Anônimo disse...

parece-me uma montanha russa.


beijos

Adryana Araújo disse...

A tua poesia é tão... real!!!
Linda!

Obg pelo comentário.

Vc já está linkada no meu blog.
Beijão!!!

Anônimo disse...

Fernanda,


Nasceste íngreme!

Um poema delicioso de se ver.

Alguém tinha mesmo que fazer, um dia, a melhor abstração da concretude do próprio ser.


Abraços, flores, estrelas..


.

Moacy Cirne disse...

O seu paraneoconcretismo - mais do que poesia concreta propriamente dita - tem aspectos interessantes, quer formais, quer semânticos em sua conteudização: ao d-e-s-p-e-n-c-a-r em "travessuras travessias" esbarra num certo tipo de humor gráfico-neoconcreto, mas esbarra sobretudo na ladeira (existencial?) de suas formas. Um beijo.

Tiagho Diniz. disse...

Me lembra um poema do Arnaldo Antunes que li, mas logico, a sua tem muito mais co-relação com o verbo expressivo, expressão de si do que apenas um jogo geometrico com palavras escravidas.
Parabens.

Encontrei vc pelo Augusto Santos, Pensamentos Quebrados...

Seria uma honra uma visita, aguardo.

MaxReinert disse...

Muito bom.... poder unir à forma ao conteúdo!!! Muitas vezes essas experimentações das formas ficam somente num campo conceitual... no seu caso, a forma auxilia a leitura do conteúdo... coisa rara de se ver!!!

Parabéns!!!!

Moacy Cirne disse...

Cara Fernanda: Minhas críticas procuram ser positivas, sempre. No caso caso presente, quis dizer, apenas, que os recursos formais utilizados por você não são propriamente concretos, e sim neoconcretos, ou quase (na linha do Ferreira Gullar dos anos 50), e que eles, em sendo "travessuras travessias" (sonoridade aliterativa da melhor qualidade, acrescente-se), estão devidamente contextualizados na proposta geral do poema. Um beijo.

Anônimo disse...

Adorei a disposição da poesia!
Particularmente, gosto disso.
Mas o engraçado mesmo foi perceber o movimento de minha cabeça... e olhos! rs

Em tempo: obrigado pela indicação! Não vim "imediatamente" pq só vi agora os comentários rsrs

Sabe que uma indicação vinda de ti, Fê, é excepcionalmente especial pra mim.

beijão!

Unknown disse...

Poema totalmente visceral, dá pra sentir o teu sangue fervendo daqui...

Estes versos me deixaram sem noção das palavras a usar neste esdrúxulo comentário.

Blog fascinante.

Bjs.

Anônimo disse...

Nanda(peço sualicença para chama-la assim),

Eu escrevo faz muito tempo, mas ultimamente "tem sido raro como eclipse do sol" (me auto-parafraseando). penso que escrever requer um contato com uma verdade íntima que penso andar meio esquecida cá nestas pairagens. Mas também acho que poesia seja o próprio "fazer poesia", e queria me condicionar a escrever pelo menos "Um poema por dia" pra curar minhas dores e azias (me auto-citando novamente). Dada a minha sensibilidade frouxa, desenvolvi autismo-centrado que me impedia de compartir essas tortilinhas que escrevo há tempos. Mas sabe-se lá por que, resolvi derrubar as paredes que tinha construído e botei meu blog na rua. Comecei tentando estabelecer a ponte com a Natália Nunes, que com seu talento arrebatador, neutralizou toda a inveja branca que eu costumava sentir quando me deparava com alguém dotado de capacidade descritiva melhor que a minha. Coisas de leonino. E foi através dela, que cheguei a ti. E agora, não quero mais parar. Da-me a sua mão?

o refúgio disse...

A
d
o
r
e
i
esta
q
u
e
d
a
esta
l
a
d
e
i
r
a
de corpo
o
b
l
í
q
u
o
!!!Beijos.

Jens disse...

Oi Fernanda.
Não sei analisar poesia, mas sei quando vejo/leio algo bom, como é o caso. Acho que o grande Ezra Pound deve estar aplaudindo lá no Salão Literário do Outro Lado.
Parabéns.

Anônimo disse...

Êpa, que se cuidem os irmãos Campos. Beijos

jaci disse...

adorei tua queda neoconcretista.
caí junto...
num meu umbigo qualquer.

nos batemos aí pela blogosfera.
té mais ;)

Pripa Pontes disse...

uma linda definição de sí!
poética como sempre...que entra em nossas veias..^^
adorie a estética do texto...traz a meoção dos versos p quem lê. desperta a inquietação!

quanto ao prêmio foi com muito prazer que lhe premiei, tbm lhe considero muito e é sempre bom ler seus posts e seus comentários lá no blog...alé de vc ter o poder de unir várias pessoas de diferentes blogs a pensar com seus poemas,the power of schmooze!

Bjos.

Marcelo F. Carvalho disse...

Fernanda, continuo d-e-s-p-e-n-c-a-n-d-o do poema como quem vê o belo sem poder tocar. Engraçado como você consegue jogar com as palavras, ora como elementos visuais, ora como elementos de introspecção. Muito bom. Tanto estrutura quanto mensagem. Quando você, criança, cai no chão, senti-me jogado também, tamanha veia sensorial a sua.
Parabéns!
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Abraço forte!